Amor Eterno
(Regi Barcelos/Kalunga)
Meu coração é teu
e não é paixão de agora
foi benção que Deus me deu
no romper de minha aurora
Aos poucos te descobri
criado entre as canoas
observando aprendi
o valor da alma ilhoa
E aquela que desposar
terá que amar também
a beleza desse mar
em tuas praias sem ninguém
No casario açoriano
a Banda do Zé Pereira
andar a pé acompanhando
a procissão da Padroeira
Meu Ribeirão da Ilha
eu te juro amor eterno
quero me perder por tuas trilhas
e repousar em teu ventre materno
O santo e o profano
a fé de uma benzedeira
um menino é soberano
Divina é a bandeira
Meu Ribeirão da Ilha...
Borboleta
(Regi/Kalunga)
A pouca pureza
que ainda me resta
guardarei para você
como uma roupa nova
para os dias de festa
Tentarei me proteger
pensando que assim
impedirei que o mundo
a tire de mim
E quando for ao teu jardim
poderemos brincar juntos
feito crianças
sem temores ou lembranças
Serei uma borboleta
que se esconde no escuro
mas abandona o casulo
por amar a violeta
Floripa florida
(Regi/Kalunga)
No seio da mata, meu garapuvu
orquídea, bromélia, aroeira, inhambú
achei na figueira toca de tatu
sabiá laranjeira, cessou vento sul
chegou primavera
Floripa florida
é a ilha mais linda
Floripa florida
és ainda mais linda
Um veio, cascata, broto de bambu
Cecília, camélia, canta "sinhaçu"
tié na bagueira chamou céu azul
mostrou beija-flor o Cruzeiro do Sul
tornou primavera
Floripa florida
é a ilha mais linda
Floripa florida
és ainda mais linda
Lua da Ilha
(Regi/Kalunga)
Sua presença nua
flutua sobre a rua
cenário imaginário
onde reina e atua
compartilha com as estrelas
distantes, frias
a noite escura
cheia e pura, a musa
que maravilha
se insinua solta
inteira para a ilha
brilha e ilumina
a minha menina
como se fosse sua
Diva das bruxas
e outras criaturas noturnas
sua presença nua
no céu flutua
então se revela
toda a magia
lua no ar, ilha no mar
luar no mar, ilha ao luar
toda magia...
O apito do Agenor
(Regi/Kalunga)
O apito do Agenor
me chamou prá brincadeira
ouça o rufo do tambor
já começou o Zé Pereira
É verão e faz calor
tem butiá na mamadeira
prá beber com meu amor
e brincar a tarde inteira
Já pedi a minha mãe
me empresta a velha anágua
hoje é dia de folia
todo mundo vai prá água
No apito do Agenor... (refrão)
Todo o povo esperou
o bloco das feiticeiras
mas sereia me encantou
era a moça faceira
Vou vestir a fantasia
esquecer de qualquer mágoa
me encher de alegria
e pular o Joga Nágua
No apito do Agenor...(refrão)
Rato
(domínio público)
Rato, rato, rato
por que motivo tu roeste meu baú?
Rato, rato, rato
audacioso a fazer o sururu
Rato, rato, rato
chegou teu dia afinal
o rato velho sem-vergonha
para fazer parabadá pápá
Quem te roeu
foi a danada de uma velha
não fui eu
Quem te arruinou
foi o danado do teu avô
Alcioneu, não fui eu
não fui eu
o rato velho sem-vergonha
para fazer parabadá pápá
Rua de cima
(Regi/Kalunga)
Olha a Banda da Lapa
mantendo a tradição
que vem de longa data
mexendo com a multidão
Muita paz e alegria
contagiando o povão
o Zé Pereira é o dia
tem festa no Ribeirão
e todo ano tem um bloco
numa rua lá de cima
essa turma eu não troco
meu irmão
e todo ano lá em cima
tem um bloco
essa turma é coisa linda
eu não vou deixar na mão
Da Noêmia à Liquinha
Seu Osmarino e os Falcão
uma gente que é minha
alma desse rincão
Bloco da rua de cima
esbanjando alto astral
é só entrar nesse clima
prá brincar carnaval
e todo ano tem um bloco...
Simplório
(Regi/Kalunga)
Essa gente da cidade
que trabalha o ano inteiro
pensa que a felicidade
é ganhar muito dinheiro
Me escute, meu amigo
importante é atitude
construir o seu abrigo
e a família com saúde
A canoa, bem bordada
e a rede feiticeira
a patroa ajeitada
vem cheirosa, vem faceira
Essa vida abençoada
agradeço a Padroeira
Cantando com a passarada
esse mundo é meu viveiro
serenou na madrugada
regou flor no meu canteiro
Essa vida abençoada
agradeço ao Padroeiro
Tesouro
(Regi/Kalunga)
Homem do mar
olhar absorto
horizonte a fitar
a sonhar com o porto
Terra natal
descanso do corpo
morada da paz
prá alma conforto
O ancoradouro
conduz ao jardim
revela o tesouro
num céu de carmim
Nem prata nem ouro
seduz tanto assim
nem glórias nem louros
traduzem, enfim...
O amor que eu sinto
essa imensa paixão
Ribeirão sou teu filho
guarda o meu coração
Toque do Edinho
(André d’Ávila)
Eu fui prá Ilha do Largo
fui pegá uns camarão
no meio do caminho deu um vento
que me "arrombô-me" de montão
cheguei na Ilha muito cansado
co's braço ardendo de tanto remar
Ai, que desespero
a fome era tanta não pude tarrafiar
Voltei da Ilha do Largo
sem um "istepô" dum camarão
a mulher me esperava na praia
com os filhos lambendo sabão
também me esperava na praia
o "mô primo", Seu Edinho
que me deu um toque
se queres peixe tens que ir cedinho
Zequinha
(Regi/Renato)
Lá vai o Zequinha na sua canoa
leva rede pro mar e joga na croa
Lá vai o Zequinha na sua canoa
pega a rede do mar e joga na proa
bem faz o Zequinha não ficar à toa
vai pro mar pescar vai ficar numa boa
Ele é pescador lá do Ribeirão
e busca no mar com as próprias mãos
sustento prá vida e o faz com prazer
Zequinha chegou e veio trazer
um peixe fresquinho prá gente comer
Lá vai o Zequinha na sua canoa
leva rede pro mar e joga na croa
Lá vai o Zequinha na sua canoa
pega a rede do mar e joga na proa
bem faz o Zequinha não ficar à toa
vai pro mar pescar vai ficar numa boa
Zequinha voltou cansado do mar
a rede e a canoa foi logo arrumar
era lua cheia e podiam chegar
as bruxas da Ilha fazendo magias
e estripulias naquele lugar